Sol, estações do ano e o Deus Tríplice

O Sol é uma imensa bola de fogo flutuando no céu. Sem ele não haveria calor, fotossíntese, não haveria vida. Ele representa a vitalidade, a energia... mas também pode estar associado a morte, afinal, Sol também queima! Alguns animais morrem completamente secos no sol quente de verão! E sua ausência pode nos congelar, levando ao mesmo fim.


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Diferente da Lua, o ciclo do Sol é mais longo, dura um ano. Assim como a Lua, Ele também tem quatro fases, que nada mais são que as quatro estações. Compreender o entrelaçamento dos dois astros é o primeiro passo para começar a viver uma vida em sincronia com as forças da Natureza, do Universo, dos ciclos naturais de Gaia, do Todo.

Enquanto as fases da Lua se relacionam ao movimento de translação da Lua em relação a Terra, as fases do Sol (estações) estão ligadas a translação da Terra ao redor do Sol. A medida que a Terra caminha pela sua órbita elíptica, ela “se afasta” ou “se aproxima” do Sol. Lembrando ainda que o planeta possui um eixo de inclinação, o que faz com que as estações sejam “inversas” para cada hemisfério. Assim, diferente da Lua, cada hemisfério está vivendo uma conexão diferente com o Sol. Enquanto é verão aqui no hemisfério Sul, é inverno no hemisfério Norte; quando é outono aqui no Sul, é primavera no Norte; e vice versa.

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Assim como a Lua nos traz o arquétipo da Deusa tríplice, o Sol nos traz o arquétipo do Deus tríplice, no mesmo simbolismo entre as estações do ano e as fases de vida do Deus, representando assim os aspectos do Sagrado Yang. O Deus tríplice simboliza o eterno retorno, pois ele nasce da Deusa, cresce, se apaixona por Ela e, depois, renasce como seu filho novamente. Para os antigos, esse ato do Deus tinha valor de auto sacrifício, onde ele se entrega para que a tribo pudesse sobreviver. Ele é a conexão com o que há de material, o que é selvagem, com a coragem, com a subsistência, com a defesa do território. Assim, podemos entender que a Deusa É o próprio mundo, enquanto o Deus são as forças cíclicas que constantemente modificam o mundo.

Representado como uma figura de chifres, muitas vezes com patas de bode e tronco de homem, foi transformado na figura do diabo durante a Inquisição.

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O corpo quimérico, metade humano metade animal, simboliza essa conexão com a natureza primitiva. Ele é o Senhor dos Bosques, das Matas, das Grandes Árvores. Enquanto a Deusa representa a própria Terra (Gaia), o Deus representa a labuta sobre a Terra que a transforma diariamente, de forma lenta e gradual, porém constante, com energia e determinação. Sem essa labuta a vida não é possível. É preciso sair em busca de alimento, de água, é preciso cavar a própria toca, é preciso alcançar um solo fértil para crescer, encontrar um bom território, um bando.

O chifre simboliza a conexão que ele mantém com a Deusa, nunca se esquecendo da responsabilidade para com seu processo de (co)criação, afinal, ele só cria a partir da matéria-prima, que É a própria Terra, a própria Deusa. Quando olhamos para o chifre externamente, é fácil pensar na associação fálica, trazendo os arquétipos de força, vitalidade e coragem. No entanto, o chifre é oco. Algumas culturas, inclusive, o utiliza como um cálice para cerimônias sagradas. Quando visto dessa forma, temos o simbolismo do útero (cálice), fazendo do chifre um perfeito símbolo da união dos dois sagrados Yin e Yang. Ao mesmo tempo que o chifre representa o poder material, ele também representa a conexão interior com a Deusa.

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Assim como a Lua, o Sol também é redondo. Portanto, as estações não mudam abruptamente, mas o clima, o vento, a terra, a temperatura, tudo vai se modificando aos poucos, de forma lenta e gradual. Existem dois rituais do Sol para cada estação, totalizando oito momentos de celebração ao Sol ao longo do seu ciclo. Seriam eles, a entrada de cada estação e seu momento auge.

No solstício do inverno temos a noite mais longa do ano, o que também significa o dia mais curto, ou seja, de menor incidência solar. Esse é o momento de reclusão do Sol, de morte e renascimento. Assim, podemos pensar no inverno com as mesmas analogias da lua nova. Vemos a vegetação secar, mas não se enganem! As sementes permanecem escondidas no solo, toda morte é um novo começo. O frio nos força a um certo recolhimento, é um bom momento para planejar metas de longo prazo, metas de prosperidade. Entretanto, no momento em que o Sol parar de descer no horizonte, então ele voltará a subir, começando gradualmente a se elevar e se fortalecer. O auge do inverno era quando os antigos faziam a festa das Luzes, que celebra o renascimento do Deus, a Luz que brota novamente. Gaia está dando à Luz! Daqui em diante as sementes já podem começar a germinar.

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O Equinócio de Primavera marca o momento em que o Sol se levanta, seu calor aquece a terra e possibilita que as sementes do inverno comecem a se erguer. O Deus começa a crescer, se fortalece. Essa é a estação associada a face jovem do Deus, o Cornífero, analogamente à face jovem da Deusa na lua crescente. É a estação onde tudo brota da terra, onde a vida, a prosperidade e a fertilidade estão com toda força. No auge da Primavera temos as celebrações de fertilidade, comemorando o vigor e as novas possibilidades que se abrem como flores, por todos os lados.

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No Solstício de Verão temos o dia mais longo do ano. Chegamos a “fase cheia” do Sol, seu ponto máximo, seu calor está forte, seu poder transborda e nos inunda. Esse é o momento onde tudo o que iniciamos no inverno começa a dar resultados, as colheitas acontecem. É também uma época de transbordamento, emoções vindo à tona. É preciso ter muita atenção ao que se planta durante o inverno, pois pode se refletir facilmente no verão. O verão é a estação associada à face Homem Verde do Deus, quando Ele, maduro, nos emite sua força total, para brilharmos e concretizarmos. O festival do auge do verão nos prepara para o desapego que virá no Outono, o Sol forte pode estar causando algum estrago, gerando um certo cansaço. É momento de aceitar o ciclo e se preparar para a avaliação da colheita.

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No Equinócio de Outono temos o festival das colheitas, ainda é possível sentir o calor e colher as últimas frutas, antes do momento de “morte” do Sol, que se dará no auge da estação. Nesse momento, Ele vai, pouco a pouco, se recolhendo, se refazendo, se transformando, se preparando para (re)nascer. É o momento de fazer o balanço do ano, entender o que ganhamos, o que perdemos e o que queremos levar, para (re)analisar seus planos e metas no campo prático, é o momento de ir “entrando na caverna”, de fazer as limpezas grandes, carregando os mesmos simbolismos da Lua Minguante. A diferença é que trata-se de um ciclo longo, portanto, o Sol nos conecta aos nosso planos de longo prazo, nos ajudando a criar estratégias que possam nos fazer brilhar lá na frente. No auge do Outono é o momento de celebrar a morte, celebrar os ancestrais, celebrar a possibilidade de sempre poder recomeçar.

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Da mesma forma que a Lua passa por sua fase Negra, nas últimas semanas do Outono e no solstício de Inverno vemos o mesmo acontecer com o Sol, onde Ele se retira mais cedo, se faz ausente para que possamos refletir sobre esse ciclo que se encerra. Ele não “some”, como a Lua, mas fica por muitas horas ausente, e seu brilho e força vão, pouco a pouco, decaindo.

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Se conectar aos ciclos naturais é também se conectar ao seu próprio corpo, afinal, seu corpo habita este mundo e, consequentemente, sofre as influências de tudo o que aqui ocorre. E compreender como essa dança alquímica acontece no Universo, nos ajuda a potencializar as magias, combinando a ação da Lua e do Sol. Magia Natural, nada mais é do que sentir a poesia viva que há na Natureza!

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