Roda do Ano: uma conexão com as estações do ano
A Roda do Ano é um ciclo anual de celebrações que marca os movimentos da Terra em torno do Sol. Inspirada pelas tradições pagãs europeias (especialmente celtas, germânicas e anglo-saxãs), essa Roda é composta por oito festivais sazonais, chamados de Sabbaths. Cada um desses pontos celebra uma transição energética e simbólica no ciclo da vida, da morte e do renascimento.
Para mim, o Unicórnio Cartomante, esse é um dos pilares mais vivos da minha prática espiritual! A Roda do Ano é um caminho que une magia, natureza, astrologia, mitologia e autoconhecimento em uma dança sagrada que se renova a cada estação.
⚖️ Roda do Norte, Roda do Sul e Roda Mista
Quando começamos a estudar esses festivais no Hemisfério Sul, percebemos um detalhe essencial: os sabbaths originais seguem o calendário das estações do Hemisfério Norte. Ou seja, quando é verão lá, é inverno aqui, o que inverte completamente os arquétipos, os símbolos e as energias da natureza.
É por isso que existem três formas principais de seguir a Roda do Ano:
Roda do Norte: segue as datas e os significados originais do Hemisfério Norte.
Roda do Sul: segue as datas e os significados originais do Hemisfério Sul. É essa Roda que eu sigo, pois moro no hemisfério sul e sinto melhor a conexão com a estação que estou vivenciando.
Roda Mista: tenta conciliar os dois modelos, celebrando os sabbaths maiores de acordo com o hemisfério norte e os sabbaths menores de acordo com o hemisfério sul.
Nenhum modelo está certo ou errado, cada pessoa encontrará o ritmo que mais ressoa com sua trajetória.
🌑🌕 Yin e Yang: Dança dos Princípios Sagrados
Na base simbólica da Roda do Ano, encontramos dois princípios fundamentais: o Sagrado Yin e o Sagrado Yang. Eles se manifestam arquetipicamente na figura da Deusa e do Deus da bruxaria. A Deusa representa a própria Terra, Gaia, fértil e receptiva, que acolhe, gesta e transforma. O Deus representa a força que atua sobre a Terra, o trabalho, o esforço, o calor do Sol, a semente que se entrega ao solo. Ele é a energia que move, constrói, transforma o mundo com constância e determinação.
Esses dois princípios — Yin e Yang — não são opostos, mas complementares. Juntos, eles dançam ao longo da Roda do Ano, fertilizando a realidade e dando vida a tudo o que há. A união entre eles é símbolo da própria criação: luz e sombra, ação e silêncio, visível e invisível.
É por isso que, tradicionalmente, o Deus da bruxaria é representado com chifres, e foi associado a figura do diabo na era cristã. Mas o chifre simboliza a conexão que ele mantém com a Deusa, nunca se esquecendo da responsabilidade para com seu processo de (co)criação, afinal, ele só cria a partir da matéria-prima, que É a própria Terra, a própria Deusa. Quando olhamos para o chifre externamente, é fácil pensar na associação fálica, trazendo os arquétipos de força, vitalidade e coragem. No entanto, o chifre é oco. Algumas culturas, inclusive, o utiliza como um cálice para cerimônias sagradas. Quando visto dessa forma, temos o simbolismo do útero (cálice), fazendo do chifre um perfeito símbolo da união dos dois sagrados Yin e Yang. Ao mesmo tempo que o chifre representa o poder material, ele também representa a conexão interior com a Deusa.
🔥 Os Sabbaths e o Caminho Cíclico
Os oito sabbaths podem ser divididos em dois grupos: os sabbaths maiores (Imbolc, Beltane, Lammas e Samhain) e os sabbaths menores (Ostara, Litha, Mabon e Yule). Abaixo, compartilho uma visão breve de cada um:
Imbolc (1 de agosto - hemisfério sul/1 de fevereiro - hemisfério norte) — Marca o despertar da luz após o inverno. É o festival das primeiras sementes, da inspiração e da esperança. A Deusa ainda se encontra em recolhimento, mas começa a dar sinais de vida. O Deus é percebido como criança divina, trazendo renovação. Cores: branco e amarelo-pálido. Ervas: lavanda, alecrim, camomila. Símbolos: velas, sementes, leite.
Ostara (21 de setembro - hemisfério sul/21 de março - hemisfério norte) — Celebra o Equinócio da Primavera. É o momento em que luz e sombra se equilibram, e a fertilidade começa a se manifestar em flores e brotos. A Deusa aparece como Donzela, e o Deus como jovem caçador. Cores: rosa, verde-claro, lilás. Ervas: hortelã, prímula, flores silvestres. Símbolos: ovos, coelhos, flores.
Beltane (31 de outubro - hemisfério sul/01 de maio - hemisfério norte) — O festival do fogo e da paixão. Marca a união sagrada entre Deusa e Deus — o Yin e o Yang em plenitude amorosa. É o ápice da energia criativa e da fertilidade. Cores: vermelho, laranja, dourado. Ervas: rosa, alecrim, manjericão. Símbolos: fitas, flores, fogueiras.
Litha (21 de dezembro - hemisfério sul/21 de junho - hemisfério norte) — Solstício de Verão. É o ponto máximo da luz solar, quando o Deus atinge sua força plena. A Deusa está grávida da nova vida. Tempo de celebrar conquistas e oferecer gratidão. Cores: dourado, amarelo, verde. Ervas: girassol, sálvia, hipericão. Símbolos: Sol, espigas, rodas solares.
Lammas ou Lughnasadh (1 de fevereiro - hemisfério sul/1 de agosto - hemisfério norte) — Primeiro festival da colheita. Hora de agradecer pelo que foi plantado e colher com consciência. O Deus inicia seu declínio, entregando-se à Terra. A Deusa amadurece. Cores: laranja, marrom, dourado. Ervas: milho, trigo, alecrim. Símbolos: pão, espigas, feixes de grãos.
Mabon (21 de março - hemisfério sul/21 de setembro - hemisfério norte) — Equinócio de Outono. A luz e a sombra se equilibram novamente, mas agora é a escuridão que começa a crescer. É tempo de introspecção, de colher os frutos finais e começar a olhar para dentro. Cores: vinho, cobre, verde-escuro. Ervas: maçã, canela, noz-moscada. Símbolos: frutas, folhas secas, sementes.
Samhain (1° de maio - hemisfério sul/1° de novembro - hemisfério norte) — O Ano Novo das Bruxas. Momento em que o véu entre os mundos se torna mais tênue. O Deus desce ao submundo, e a Deusa assume seu aspecto anciã. É tempo de honrar os ancestrais, libertar-se do velho e escutar os sussurros do invisível. Cores: preto, roxo, prata. Ervas: arruda, louro, mirra. Símbolos: caldeirão, caveiras, fotos antigas.
Yule (21 de junho - hemisfério sul/21 de dezembro - hemisfério norte) — Solstício de Inverno. A noite mais longa do ano. Mas é também o nascimento simbólico do Deus-Sol, que renasce no ventre escuro da Deusa. É tempo de recolhimento, fé e preparo interior. Cores: vermelho, verde escuro, dourado. Ervas: pinho, canela, cravo. Símbolos: pinheiros, velas, guirlandas.
Como Mirella Faur explica em seu belíssimo livro O Anuário da Grande Mãe "celebrar os ritos da Terra é celebrar a si mesma, como parte viva do Todo". E é isso que fazemos a cada sabbath: honramos os ritmos naturais e despertamos os nossos próprios.
🌾 Um Caminho de Sabedoria Encarnada
A prática da Roda do Ano não exige rituais elaborados, nem datas rígidas. Ela convida à presença: sentir o vento mudar, observar a coloração das folhas, escutar o que a alma está pedindo. É um convite à espiritualidade que se vive com os pés no chão e o coração conectado ao invisível.
Se você também sente esse chamado, celebre. Acenda uma vela, colha uma flor, cozinhe algo simbólico, escreva no seu diário. Faça desse ciclo uma trilha de autoconhecimento. Porque a magia da Terra não exige perfeição, ela só exige presença.
E assim, girando com a Terra, giramos também por dentro.
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