As encarnações da Vovó
Essa é a história das encarnações da minha mentora, Vovó. Eu a chamo simplesmente de "Vovó", ela foi minha mãe adotiva em outra vida, e sempre traz mta sabedoria. Ela é a guardiã de uma grande árvore, uma Fada Anciã... A Vó e a Árvore!
E a história dela tem tudo a ver com a história do Ritual Sombrio de Beltane.
Essa história começa em uma noite de Lua Nova em Virgem, há mto tempo atrás.
Numa floresta, no coração da América Latina, uma velha xamã caminha com a ajuda de um bastão. A noite era muito escura e a mata fechada, só era possível distinguir vultos e sombras. A velha trazia uma manta nos ombros, na ponta de seu bastão havia uns chocalhos que chiavam a medida que ela caminhava. A outra mão, a esquerda, ela mantinha na frente do corpo, com o punho fechado. E caminhava cantarolando uma melodia.
Ela caminhava pela floresta a procura de um local específico. Por fim chegara a uma clareira e se ajoelhava. Ela não viu, mas mais adiante um mirim das matas a observava apreensivo. Ele se escondia atrás de uma árvore lotado de curiosidade.
A semente foi plantada ritualisticamente. A xamã chamava por aliados, pedia ajuda a Mãe Gaia para encontrar quem pudesse ajudar.
O mirim passou os próximos dias atento ao local da magia da xamã. A velha morava por perto e ele sentia uma atração e grande desejo de vigiá-la, sempre secretamente. Logo que viu a muda brotar, o mirim sentiu uma conexão com ela muito forte. Se aproximou com mais atenção e se surpreendeu com o que viu. Ele reconheceu alguém que pensou que nunca mais veria. Era um Grande Guardião do passado. Ele era lendário, foi uma figura sábia, responsável por todo um continente em tempos mitológicos. O mirim soube que foi uma decisão dele ter descido.
Ele entendeu que o Guardião sabia o que chegaria e um longo ciclo de sombra se imporia sobre Gaia. O mirim também viu que todos esses milênios que, para nós, foram de peso e destruição, na verdade fazem parte de um ciclo muito maior do que o nosso. Ele viu que em alguma esfera muito maior, havia um alinhamento que projetava uma Sombra em Gaia e a imagem de um eclipse se formou em sua mente.
Aquela xamã ainda teria mais algumas encarnações como bruxa solitária, na mata. Sucessivas encarnações “na caverna” fizeram ela adquirir muito conhecimento e sabedoria sobre a Terra, sobre as medicinas de Mãe Gaia.
Dali pra frente, ela renasceria sempre na mesma região, pois se tornou a guardiã daquela árvore. Ela escolheu bem sua semente, plantou uma árvore centenária afim de tornar a magia poderosa. Nas reencarnações seguintes, logo na adolescência, sua jornada mística a guiava para sair da tribo onde nascera e ir em busca de sua árvore. Em algumas vidas, ela teve preparo xamânico, ajudando a localizar a árvore antes de abandonar sua tribo.
Aquela Grande Árvore possuía raízes muito profundas, e ela sabia que eram a melhor forma de se comunicar com Gaia.
Em uma de suas encarnações, ela teve que ajudar a árvore a reencarnar. A invasão havia chegado finalmente ao continente e, se nada fosse feito, a árvore seria cortada e destruída. Sua magia era forte, ancestral, mas ninguém contém o inevitável. Graças a sua paciência e perseverança, vovó recebeu um teste maior. Ela foi avisada da invasão e pode se preparar para ela.
Quando eles chegaram, ela era apenas uma jovem. Fugiu de sua tribo para não ser capturada, sabia o que estava acontecendo. Precisava encontrar sua árvore mas não tinha ideia de qual direção deveria seguir.
Após vagar por dias, um mirim das matas começou a aparecer em sonho para ela. Sua alma já sabia, mas aquela moça, naquele momento, não tinha ideia do que acontecia e se sentia muito confusa.
Muitos dias de Sombra se passaram até que ela se viu diante de uma enorme árvore.
- Minha amada!
Aos prantos, ela correu em direção ao grande vegetal, abraçando e beijando-o. Num estalo ela sentiu todas as respostas que vinha buscando há muito tempo. Sabia que teria que planejar bem os próximos passos. Mal sabia ela, mas a Árvore já tinha um plano. A destruição daquela mata era inevitável, então a Árvore reencarnaria, e nova magia seria plantada, agora mais forte, tendo aprendido muito com o grande ciclo que se finalizaria.
Esse reencontro se deu numa Lua Minguante, anunciando a morte da Árvore. A jovem fez um ritual de revelação nos dias que se seguiram e pode acessar o plano do Grande Vegetal.
A Árvore tinha o mirim das matas como aliado, ele é ótimo para guardar segredos, esconder informações, e pediu a ele que encontrasse um lugar onde uma Árvore centenária pudesse reencarnar, para assim, dar continuidade a uma magia antiga, magia da Terra. Um plano que estava em perfeito alinhamento cósmico com o despertar de nossa Mãe Gaia.
A espiral da vida girava mais uma vez.
A Árvore demonstrou profunda gratidão aquela jovem pela coragem de ter plantado aquela magia centenas de anos atrás, quando ainda habitava outro corpo. Contou a jovem que, assim como ela, haviam outras Grandes Árvores que também foram plantadas em rituais secretos. Explicou que tudo fazia parte de um ritual muito maior, sendo plantado em uma dimensão muito maior do que essa, que havia se materializado em ritos sincrônicos, mesmo que ninguém tivesse essa noção.
Uma semente estava sendo produzida e, no tempo certo, lhe seria apresentada. Nesse dia a jovem conheceu o mirim das matas, sem saber que ele a acompanhava desde sempre.
E assim foi... no tempo certo a Árvore produziu uma semente, a jovem teve tempo apenas de se preparar e foi embora carregando uma semente dormente.
A alma da Árvore foi desligada antes que ela fosse cortada, é um Ser de muita bondade e não precisava passar por uma morte trágica.
A jovem viajou muito, para terras completamente novas para ela, sempre guiada pelo mirim das matas. Agora ela estava consciente de um ciclo muito maior do que o seu. Ela recebera instruções para aguardar até a próxima Lua Nova em Virgem para realizar o ritual.
Depois de uma longa viagem para o Sul, chegaram ao local indicado pelo mirim das matas. E ela iniciou sua espera até a data que deveria realizar aquela magia. Mas, como a melhor maneira de esperar é caminhando, e não esperando, ela se pôs a estudar, compreender a região em q estava.
Na data profetizada a magia foi realizada e, logo que começou a brotar, a velha amiga se reapresentou, agora inclusive, revigorada por poder acessar esferas maiores em seu período entre vidas. E foi logo apresentando sua próxima missão centenária.
O pequeno broto, recém germinado, explicou que Gaia é uma Mãe, e Ela está muito triste com a invasão e, nesse momento, Gaia saudava as Grandes Mães que estavam sobrevivendo a isso tudo. A Árvore agradeceu por ela ter sido a melhor mãe humana que uma árvore já teve! Disse que nunca, na História de Gaia, uma humana e uma árvore tinham tido uma ligação tão forte, por tanto tempo. Explicou que o local em que estavam era muito bem protegido, por magias bem mais antigas do que as que elas haviam feito. E ela não mais precisaria se preocupar em reencontrá-la sozinha, ela tinha o mirim das matas agora, que sempre a acompanharia para guiá-la até aqui. E disse que sua nova missão seria ser mãe de humanos, porém sem nunca parir. Explicou que todas as magias do invasor são magias de sangue, de linhagens de sangue. Portanto ancorar uma linhagem de sangue poderia fazê-la se perder com facilidade. Mas ainda assim, as crianças chegariam.
O mirim das matas disse que haviam almas lutando, prontas para aprender magia num nível mais profundo, e ela poderia plantar novas sementes humanas, e criar um pequeno pomar que, no tempo certo, dariam lindos frutos.
- Quando o discípulo está pronto, o mestre aparece – disse ele.
O tempo é uma grande espiral energética, onde tudo sempre gira e retorna ao mesmo ponto, porém em expansão. O retorno sempre traz uma expansão. Aquela xamã havia feito magia pedindo por aliados, e passou muitas vidas esperando pacientemente por eles. Alguns diriam que sua magia não deu certo, pois querem resultados e respostas imediatas. Mas, às vezes, para se obter o resultado desejado, é preciso conseguir interpretar os Grandes Ciclos com paciência, humildade e perseverança.
Eu fui uma das crianças adotadas por essa Vó, q hj é minha mentora, e só conto essa história hj pq um dia, em outra vida, ela foi minha mãe. Mas essa é uma outra história...
Comentários
Postar um comentário