Quem são os Ancestrais?

Dentro do caminho da Magia Natural, a ancestralidade é uma força viva que caminha ao nosso lado. Muitos pensam em ancestrais apenas como os avós, bisavós, ou nomes perdidos nos galhos de uma árvore genealógica. Mas na Magia Natural, a ancestralidade é um campo energético, simbólico e sagrado que nos conecta à origem de tudo o que somos.

Ao mergulharmos nesse tema, percebemos que honrar os ancestrais não é apenas reverenciar o passado. É, acima de tudo, reconhecer o que herdamos, o que nos influencia e o que ainda reverbera em nossas atitudes, crenças, emoções e escolhas. Somos feitos de muitos que vieram antes de nós. E entender isso é um dos caminhos mais profundos de autoconhecimento e transformação espiritual.




🌿 Por que trabalhar a ancestralidade?

Vivemos em um mundo que nos ensina a olhar para frente o tempo todo, o novo, o futuro, a superação. Mas, na Magia Natural, entendemos que olhar para trás também é avançar. Não para se apegar ao que passou, mas para compreender o fio que nos trouxe até aqui.

A ancestralidade nos oferece base e estrutura. É por meio dela que nos sentimos pertencentes a algo maior, que entendemos padrões que se repetem, talentos que surgem espontaneamente, medos que não sabemos explicar e intuições que parecem vir de lugares distantes.

Reconhecer os ancestrais é como acender uma vela num quarto escuro, tudo que estava encoberto começa a tomar forma, e nossa caminhada passa a ter mais consciência.


🔮 Um pentagrama de ancestralidades

No meu caminho mágico, encontrei uma definição que gostei muito, entendendo que nossa ancestralidade não é única nem linear. Ela se ramifica como raízes de uma grande árvore, nos conectando com diferentes campos da vida. Costumo organizá-la como um pentagrama (uma estrela de cinco pontas) em que cada ponta representa um tipo de ancestralidade ligado a um elemento da natureza:


Água – Ancestralidade de sangue
É a ancestralidade biológica, ligada à nossa família consanguínea, de quem herdamos características físicas, doenças hereditárias, padrões de comportamento aprendidos durante a educação. Mas também é dessa linhagem que recebemos a vida! Honrar os Ancestrais de Sangue não é se dar bem com sua família, nem conviver necessariamente. É apenas reconhecer o que você recebeu e que te formou como pessoa, e então, de posse disso, poder construir quem você deseja ser.

Terra – Ancestralidade de lugar
Refere-se ao solo em que nascemos, crescemos e/ou vivemos. É a energia do território, das tradições, culinárias, músicas, ritmos e crenças que nos moldam culturalmente. Você encontrou uma "cidade pronta" quando nasceu, e tudo isso foi edificado pelas mãos de pessoas que vieram antes. Onde você mora? Como é esse lugar? Você conhece a História da sua cidade? Estado? País? Honrar os Ancestrais da Terra é reconhecer que somos seres coletivos e, portanto construímos nosso estilo de vida em conjunto.

Ar – Ancestralidade de ofício ou conhecimento
Trata daqueles que vieram antes de nós em nossos caminhos profissionais,  construindo esse saber para que hoje você possa aprender e exercer. São os mestres, professores, autores, criadores que nos influenciaram e deixaram uma trilha de sabedoria para seguirmos. Você conhece a História do seu Ofício? Como esse saber foi construído? Honrar a Linhagem do Conhecimento fortalece a conexão com sua vocação/missão.

Fogo – Ancestralidade espiritual ou religiosa
Pessoas que construíram religiões e práticas espirituais, que você possa vir a se identificar e praticar. Para católicos, por exemplo, são os missionários que construíram a tradição da Igreja que conhecemos hoje. No meu caso, são as bruxas e bruxos do passado, ancestrais da Magia, que estudaram as Artes Mágicas que hoje eu pude aprender, podendo voltar até mesmo a algumas divindades que acreditam-se que foram pessoas que deixaram um legado tão importante que, com o tempo, foram deificados.


Éter – Ancestralidade por identificação ou inspiração
Pessoas que despertam um sentimento profundo de pertencimento. Pode ser um artista, um pensador, uma figura histórica, ou mesmo um personagem fictício. Quando alguém toca sua essência e inspira seu caminho, essa conexão se torna uma espécie de herança espiritual. No meu caso, posso citar pessoas LGBTQIAP+ do passado, que lutaram para que hoje eu possa estar aqui. Se você tem um hobbie, também é um exemplo, existem pessoas que iniciaram aquela atividade no passado e, por isso, hoje você tem acesso a isso.

Essas cinco formas de ancestralidade nos ajudam a compreender por que nos sentimos ligados a certas ideias, causas, crenças ou formas de viver. Elas revelam que somos parte de muitas histórias, que carregamos muitos ecos, e que a vida, quando reconhece suas raízes, floresce com mais sentido.


🌒 Samhain: o tempo de lembrar e agradecer

Na Roda do Ano, Samhain marca o meio do outono, momento em que o Sol está perdendo força para renascer no inverno. É considerado o "Ano Novo das Bruxas", um tempo liminar, o véu entre os mundos se torna mais fino, e a conexão com os ancestrais se torna mais próxima e intuitiva. Na Roda Norte (estações segundo o hemisfério norte) essa data acontece em 1º de novembro, reconhecido como o “Dia dos Mortos”, data que também foi adaptada para os calendários modernos como dia de honrar os que já partiram.

Samhain nos convida a olhar para as sombras, para o silêncio, para a presença sutil daqueles que nos antecederam. É um período ideal para acender velas, montar pequenos altares com fotos, objetos simbólicos, flores, comidas favoritas dos entes queridos e até bilhetes com palavras que gostaríamos de ter dito.

No livro Anuário da Grande Mãe, Mirella Faur nos lembra:

“É importante honrar tanto os ancestrais de sangue quanto os ancestrais da terra,
da alma e do espírito, reconhecendo a herança que cada um nos deixou,
mesmo que esta herança não seja sempre leve.”

E é verdade! Honrar os ancestrais não significa idealizá-los, mas sim enxergar suas histórias com clareza, inclusive o que precisa ser transformado. Afinal, até para mudar as coisas, precisamos reconhecer como elas de fato são. Muitos padrões que carregamos emocionalmente vêm de nossos antepassados. Não cabe a nós carregar tudo para sempre, mas podemos enxergar, nomear e transmutar. E isso é magia!


🌟 Como se conectar com os ancestrais

Você não precisa seguir uma tradição formal para honrar sua ancestralidade. Um gesto simples, feito com verdade, já basta. Aqui vai a sugestão de um Ritual simples pra fazer essa conexão.

- Monte um pequeno altar com fotos, imagens ou simbolos que façam referência à ancestralidade que você deseja honrar.

- Acenda uma vela branca e coloque junto. Você pode usar cores de velas específicas para cada tipo de ancestralidade se desejar - vermelho para sangue, verde para terra, azul para conhecimento, lilás para o espírito. A vela branca substitui qualquer cor.

- Escreva uma carta agradecendo e reconhecendo os aprendizados (mesmo que tenham vindo com dor).

- Deixe uma pequena oferenda simbólica: um pão, uma flor, um copo de vinho.

- Medite ou faça orações em gratidão às linhagens que construíram quem você é.


Permita-se observar o que se repete na sua vida: padrões de relacionamentos, dificuldades financeiras, medos constantes. Muitas vezes, essas repetições são heranças emocionais esperando serem ressignificadas.

A ancestralidade não exige perfeição, mas presença. Quanto mais você reconhece sua história, mais consegue escolher conscientemente o que deseja perpetuar, e o que deseja encerrar.


🌌 Ancestralidade e magia natural

A Magia Natural não trabalha com promessas rápidas nem com soluções milagrosas. Ela é feita de conexão, escuta, ritmo e sensibilidade. Trabalhar com os ancestrais é uma forma de fortalecer suas raízes para que seus frutos tenham mais força.

Quando você se conecta com quem veio antes, você também fortalece quem virá depois, mesmo que sejam ideias, criações, projetos ou filhos espirituais. Você se torna ponte. Você se torna elo. Você se torna alquimia.

✨ Que os ventos antigos tragam sabedoria,
que o fogo do passado ilumine seus passos,
que as águas da memória limpem o que não serve mais,
que a terra te firme, e que o éter te conecte.



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